Carta aberta em apoio à greve das Ifes

Sim. Reconhecemos o esforço do governo federal na ampliação da cobertura educacional do Brasil e da região Oeste da Bahia. A criação do ICADS e da Universidade Federal do Oeste da Bahia são resultados deste processo e vem de encontro aos anseios da sociedade que legitima este importante espaço democrático que é a Universidade. Tanto reconhecemos que soubemos reafirmar o espírito universitário e criar uma atmosfera de saber nestes tantos anos e espaços de trabalho, dando forma e vez ao desenvolvimento social no Oeste da Bahia através de ações acadêmicas numa região que apresenta abismos, conflitos e contradições.

Não tem sido fácil assumir tal empreita, mas é preciso reafirmar este compromisso, pois partiremos para uma ação maior e em expansão. Vamos à Barra e margeando o Rio São Francisco encontraremos a Lapa do Bom Jesus. De Barreiras daremos uns pulos em Luís Eduardo Magalhães e muitos pulos terremos que dar para que o processo de implantação da Universidade Federal do Oeste da Bahia ocorra sem nos desprender do nosso maior trunfo que é a excelência no ensino superior. Após ler isto talvez alguém diga que somos malucos, sonhadores desmedidos ou otimistas inebriados. Mas é isso que somos e talvez por isso ainda estamos firmes neste propósito. Mas ser besta é permitido, burro não.

O menu que tem se apresentado ao processo de implantação da Universidade Federal do Oeste da Bahia nos pede uma reflexão. O projeto de lei de criação da UFOB nos coloca em situação delicada em relação ao quadro de servidores docentes e técnico-administrativos por efeito de uma equação matemática para a solução de uma difícil conjectura acadêmica, a saber, 35 cursos em quatro campi distribuídos em extremos geográficos. Mas a política do menos é mais que nos ameaça, deprecia todo o sistema de ensino superior federal, pois a política orçamentária e salarial nos últimos anos para a Universidade já depreciou e desestruturou a carreira docente. O minimalismo dos recursos ameaça a fixação do docente nos novos campi e das universidades do interior do Brasil, por isso devemos repactuar nossa base de discussão com o governo, na pauta da expansão do ensino superior, e exercermos pressão para que os direitos coletivos sejam respeitados e a carreira docente seja valorizada.

As metas do Plano Nacional de Educação em discussão no Congresso Nacional propostas para o ensino superior estão construindo um objetivo inalcançável para Universidade Federal do Oeste da Bahia caso não pactuemos condições acadêmicas exequíveis para o corpo de servidores da instituição. Da forma que se apresenta a estrutura de pessoal do Projeto de Lei de criação da UFOB e em face dos movimentos políticos pela ampliação do número de campi e criação do curso de medicina, correremos o risco de perda de legitimidade no processo de transformação através da educação nível superior.

Uma vez estudantes, experimentamos as amargas consequências dos movimentos grevistas das últimas décadas, mas os difíceis resultados destes movimentos, mesmo que timidamente, são os que nos beneficiam hoje como docentes e que elevaram a educação superior a um patamar um pouco mais alto nos últimos tempos.

Por isso declaro meu apoio à greve dos docentes das Universidades Federais e conclamo a todos os docentes do ICADS para uma mobilização em prol da educação para que logo mais a Universidade Federal do Oeste da Bahia possa afirmar os princípios norteadores da educação superior brasileira de excelência: Ensino, Pesquisa e Extensão.

Atenciosamente,

Prof. Poty Rodrigues de Lucena