Brasil fica de fora de acesso a medicamento inovador contra o HIV
Deputada Duda Salabert cobra ação firme do governo para garantir distribuição do lenacapavir no SUS, após exclusão do país de acordo de licenciamento
O Brasil está fora do acordo internacional que permitiria a produção e distribuição de versões genéricas do lenacapavir — medicamento injetável de longa duração e alta eficácia na prevenção do HIV. A exclusão ocorre mesmo após o país ter participado de testes clínicos que comprovaram a segurança e o impacto do fármaco.
A situação gerou forte repercussão entre especialistas, ativistas e parlamentares. Em manifestação pública nas redes sociais, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) cobrou uma resposta imediata do governo brasileiro, exigindo atuação diplomática e jurídica para reverter o cenário.
"O fim da aids está próximo, e temos uma chance única de trazer esse medicamento para o SUS", afirmou a deputada. Segundo ela, o lenacapavir representa um avanço que vai além da ciência: “é uma ferramenta de equidade”, defendeu.
Medicamento promissor
O lenacapavir é um antirretroviral injetável que pertence à classe dos inibidores da cápside do HIV. A principal inovação está na frequência de aplicação: apenas duas doses por ano são necessárias para garantir proteção eficaz. Estudos clínicos como o PURPOSE 1 revelaram taxas de eficácia acima de 95% — superando a PrEP oral diária, que já é ofertada no Sistema Único de Saúde.
Enquanto a PrEP oral exige adesão diária, o lenacapavir oferece uma alternativa de longo prazo, especialmente benéfica para populações em situação de vulnerabilidade, como pessoas em situação de rua e trabalhadores do sexo.
Obstáculo ao acesso
A fabricante Gilead Sciences propôs um licenciamento voluntário do medicamento ao Medicines Patent Pool (MPP), entidade internacional que viabiliza a produção genérica de medicamentos. Entretanto, o Brasil não foi incluído na proposta, o que, na prática, bloqueia a possibilidade de fabricação local ou aquisição a preços acessíveis.
Nos Estados Unidos, o custo do tratamento ultrapassa os 40 mil dólares por pessoa ao ano, o que torna inviável sua incorporação no sistema público de saúde brasileiro sem mecanismos de redução de preço.
Pressão por equidade
Duda Salabert classificou a exclusão como “injusta e antiética”, destacando que o Brasil colaborou com os ensaios clínicos que testaram o medicamento. Para a parlamentar, negar o acesso ao país após esse envolvimento “é transformar uma revolução médica em privilégio de poucos”.
Ela defende que o governo utilize todos os instrumentos legais e políticos disponíveis — como licenças compulsórias e negociações internacionais — para garantir o direito à saúde da população brasileira.
“A saúde pública tem que estar acima dos lucros de empresas privadas. Essa não é apenas uma questão de medicamento, é uma questão civilizatória”, declarou.
Da redação Tv Web Barreiras
com informações da Agência AIDS
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