Bahia tem a 4ª menor taxa de HIV do país com ações preventivas em alta
Distribuição de PrEP e campanhas em eventos de massa ajudam a manter índice abaixo da média nacional
A Bahia ocupa a 4ª posição entre os estados com menor taxa de infecção por HIV no Brasil. Em 2023, foram registrados 2.665 casos no estado, o que representa 5,7% do total nacional. O índice baiano está abaixo da média do país, que é de 21,8, reflexo direto das estratégias preventivas adotadas pelo estado nos últimos anos.
A coordenadora executiva do Fundo Positivo, Élida Miranda, organização que atua com foco em HIV e Aids, atribui o resultado a políticas de prevenção combinadas e acesso ampliado à informação. “Está diretamente ligado aos trabalhos de sensibilização e à oferta de testagem, preservativos e tratamento antirretroviral. Essas ações são fundamentais para conter novas infecções”, explica.
Entre as medidas aplicadas, destaque para a distribuição da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e da Profilaxia Pós-Exposição (PEP), ofertadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com foco em populações mais vulneráveis. Atualmente, 39 unidades de saúde na Bahia estão habilitadas a fornecer a PrEP, com 4.242 pessoas fazendo uso da medicação preventiva.
De acordo com o Programa Estadual de IST da Bahia, a maioria dos usuários da PrEP são gays e homens cisgêneros que fazem sexo com homens (84,7%). Outros grupos incluem homens heterossexuais (5,6%), pessoas trans (5%), mulheres cisgênero (3,8%) e travestis (0,2%).
A técnica Myllene Almeida, do núcleo estadual, destaca o alcance das ações durante festas populares. “A oferta desses insumos em eventos de grande público como o Carnaval, Micareta e São João tem sido um dos pontos fortes na prevenção”, afirma.
Um dos beneficiados pelas ações é o jovem Jonathan Xavier, 27, membro do Conselho Municipal LGBT+ de Salvador. Ele compartilha sua experiência com a PrEP. “Hoje em dia, a gente precisa se cuidar. A PrEP me dá segurança. Se a gente se ama, a gente se protege”, afirma.
Os dados da Secretaria Estadual de Saúde foram consolidados até junho de 2024, e refletem o cenário de 2023, período analisado nesta reportagem.
A Bahia se destaca, portanto, não apenas pelos números baixos, mas principalmente pelo exemplo de gestão preventiva da saúde pública, em um tema que ainda carrega estigmas e desafios sociais.
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