Milhares de pessoas já deixaram a Síria desde o início da guerra civil do país em 2011. Cerca de 80 mil desses sírios estão em Zaatari, o segundo maior campo de refugiados, localizado na Jordânia, próximo à fronteira. No deserto, os moradores moram em contêineres. E lá, o esporte leva esperança para as pessoas, principalmente crianças e jovens, além de tirar um pouco da carga pesada da guerra.
Mulheres representam metade dos refugiados em Zaatari. Mas, na cultura local, não é visto bons olhos mulheres praticando esportes. Entretanto, Amal Hosham, mãe solteira, decidiu ensinar futebol para as meninas da comunidade. No início, Amal teve que encarar a forte resistência dos homens, mas, aos poucos, vai quebrando barreiras para cada vez levar mais gente para o campo.
- Todo mundo foi contra (ensinar futebol para meininas). Recebi muitas críticas. Eles xingavam, e diziam: "O que vocês estão fazendo?" e jogavam pedras em nós. Então disse a eles: "Não estamos fazendo nada de errado". Estamos fazendo meninas se divertirem e jogarem bola. Minha filha não foi comprometida, a moral dela não foi comprometida. E espero que com o tempo eles fiquem mais tranquilos quanto a isso - conta Amal, que abandonou a Síria depois que homens armados invadiram sua casa e sua filha pequena foi escondida sob o colchão para não ser levada.
Em outro canto de Zaatari, Mohammad ensina wrestling para crianças. Mas, no tapete, o professor, que é ex-atleta da seleção síria, não foca em torná-los melhores lutadores, mas em aliviar a cabeça dos alunos.
- Esses jovens foram expostos às pressões na Síria. Eles testemunharam a guerra. Quando vieram para o campo, chegaram pressurizados e carregados de negatividade. Então, através do treino, tento cansá-los fisicamente. Isso liberta a energia negativa, trocando-a por energia positiva. Tenho que focar mais no apoio psicológico porque os jovens que treino precisam de apoio psicológico mais do que qualquer coisa. A maioria das crianças aqui viveu parte da infância e teve bons momentos na Síria. Então, sempre devemos lembrá-las desses dias - afirma Mohammad.
A união entre Projeto de Refugiados da Coreia com a Federação Mundial de Taekwondo enviou apoio educacional, médico e instrutores de taekwondo para Zaatari. Ali, sem preconceito, meninos e meninas convivem tendo aula da modalidade sem diferenciação. Mesmo espaço, uniforme e aprendizado. Instrutor de taekwondo, Lee Se Jong se surpreendeu com o sucesso da inciativa.
- Já que essas crianças passaram por uma guerra, elas estão machucadas e traumatizadas. Quando eu ouvi falar do projeto, duvidei de como estar crianças aprenderiam taekwondo, mas quando vi de fato, senti a energia deles. Mas a energia era caótica e desordenada. Fiquei surpreso porque as meninas mostraram mais confiança que os meninos. Elas demonstraram muito mais força e confiança do que eles nas suas vozes e movimentos. Fiquei surpreso, feliz e satisfeito de ver isso.
Fonte: Globo Esportes
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