Com um cavaquinho feito de cabaça, o luthier Chico Malero, de São Félix do Coribe, mostrou sua arte para um público de prefeitos, vice-prefeitos, secretários e de gestores culturais de municípios do oeste da Bahia durante a Oficina de Economia Criativa e Cidades Criativas.
No evento, que aconteceu no dia 11 de março em Barreiras, ele encontrou uma forma de divulgar o seu trabalho e de contar com o setor público para promoção da cultura de raiz. “Creio que seja uma grande oportunidade de chegar aos nossos governantes, para que eles conheçam o que oferecemos de cultura local e se sintam estimulados a resgatar isso em suas cidades de origem”, disse Malero. A cultura estava em foco desde o café da manhã em que foi oferecido um cardápio de comidas regionais. A tapioca ou o beiju, como é conhecido na região do cerrado, foi uma das comidas mais cobiçadas.
Ela foi feita por integrantes da Cooperativa de Mandiocultores de São Desidério, entidade assistida pelo Sebrae desde sua fundação. Também estavam expostos na entrada do auditório do Hotel Morubixara, local do evento em Barreiras, produtos artesanais, criados com a palha do coco de São José, e as almofadas bordadas com cantigas de roda em fitas de cetim da Associação de Santa Rita de Cássia. “Precisamos pensar de forma criativa para desenvolver um modelo novo no aspecto urbanístico, no desenvolvimento humano e nas oportunidades de inclusão econômica e social”, disse o prefeito de Barreiras, Antônio Henrique de Souza Moreira, durante a abertura da oficina.
O evento reuniu mais de 230 participantes, dentre eles 12 prefeitos. O superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, ressaltou a necessidade de despertar nos gestores públicos a ideia de trabalhar com a economia criativa. “Estamos provocando o debate para que essa economia criativa seja decodificada. Após a oficina, o Sebrae pretende avançar na pactuação com os municípios”, destacou Edival Passos. Para ele, o setor se caracteriza pela sustentabilidade social, inclusão produtiva e criatividade, valores humanos possíveis de se trabalhar em qualquer realidade social.
O evento fecha o ciclo de 10 cidades onde foi realizada a oficina na Bahia: Salvador, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista, Ilhéus, Porto Seguro, Lençóis, Jacobina, Feira de Santana, Juazeiro e Barreiras. Contabilizando todas as cidades, a Oficina de Economia Criativa reuniu mais de 1 mil participantes, mais de 100 prefeitos, de 150 municípios, e cerca de 800 empreendedores e empresários. “Para quem está iniciando a administração, usando a criatividade na relação Governo, sociedade e setor empresarial, o evento estreita laços e aumenta a disponibilidade para o desenvolvimento. É uma estratégia otimista nesse princípio de gestão”, avaliou o prefeito de Santana, Wilson Neves.
O prefeito de Santa Maria da Vitória, Padre Amário, lembra que a interação em prol do desenvolvimento local e regional é importante. “Aposto na importância do evento e no retorno que é a gestão com ações criativas e inovadoras”, disse. A palestrante Ana Carla Fonseca, especialista em Cidades Criativas, apontou durante a oficina a importância de se pensar em criatividade como grande ativo da economia. Ana Carla citou ainda a gastronomia, o turismo, a música e as manifestações culturais como meios que devem ser explorados dentro de uma gestão de criatividade. “Festejos como o Divino e a Romaria de Bom Jesus da Lapa podem ser incrementados dentro de uma política de valorização das manifestações religiosas. Pode ser uma manifestação cultural legítima ou de potencial ecológico.
É preciso só um olhar diferenciado para o trabalho coeso das singularidades do município, das vocações”, explicou.
Interação
Durante a tarde, Ana Carla Fonseca sugeriu ações criativas, após contato com os participantes. A palestrante demonstrou interesse em voltar a Barreiras para conhecer mais a região. Para a vice-prefeita de Tabocas do Brejo Velho, Gisele Gleiser, a experiência da Oficina é rica para quem trabalha na área pública. “Pelo que acompanhei, muitas ideias surgiram para serem exploradas na administração da cidade, como o resgate das comidas típicas e o incentivo ao artesanato”.
O vice-prefeito de São Desidério, Reginaldo César Filho, considerou o evento de grande importância por apresentar meios para elevar o nome do município e da população. “Foram apresentados caminhos para incentivar trabalhos alternativos de geração de renda, a partir da cultura, das atividades comunitárias. Já fazemos um forte trabalho de valorização de manifestações culturais na zona rural e queremos continuar com esse empenho”, explicou.
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