IFBA Barreiras lança curso de Braille para promover inclusão de pessoas com deficiência visual

Projeto em parceria com Associação de Pessoas com Deficiência Visual do Oeste da Bahia busca formar educadores e multiplicadores na leitura e escrita em Braille

Uma nova iniciativa de inclusão e acessibilidade está em andamento no Instituto Federal da Bahia (IFBA), campus Barreiras. O projeto "O Ensino de Braille: Proporcionando Acessibilidade e Inclusão às Pessoas Cegas e Surdocegas" visa promover a autonomia e a participação social por meio do ensino do sistema de leitura e escrita Braille.

Com uma carga horária de 40 horas, o curso é oferecido na modalidade híbrida — presencial e a distância — para garantir uma aprendizagem efetiva. A metodologia inclui exposições teóricas, práticas pedagógicas e avaliações. O público-alvo inclui pessoas cegas, surdocegas e professores do ensino comum e do Atendimento Educacional Especializado.

De acordo com o diretor geral do IFBA-Barreiras, Ítalo Abreu, a ação faz parte do eixo de extensão da instituição, um dos pilares que compõem o tripé do ensino superior, ao lado do ensino e da pesquisa. “Esse curso é parte da extensão, que é essencial nas instituições de ensino. Trabalhamos com ensino, pesquisa e extensão, ações importantes que pegam problemas da sociedade para tentarmos resolver. Esse curso é voltado para pessoas que realmente precisam de apoio e de uma preparação adequada”, afirmou.

A proposta conta com a parceria da Associação de Pessoas com Deficiência Visual do Oeste da Bahia (ADVOB) e busca oferecer formação tanto para alunos quanto para profissionais da educação, garantindo um acesso mais inclusivo ao conhecimento e à informação.

Superproteção e exclusão social

Durante as atividades formativas, um dos pontos discutidos foi o desafio enfrentado pelas famílias de pessoas com deficiência visual. Muitos, por medo ou falta de informação, acabam adotando posturas de superproteção, impedindo que seus filhos saiam de casa ou frequentem espaços públicos.

“Isso acaba prejudicando muito. As ruas ainda não são acessíveis, sim, mas o medo excessivo das famílias faz com que muitas pessoas com deficiência visual fiquem segregadas dentro de casa, sem buscar seus direitos e sem acesso à educação e oportunidades”, destacou um dos educadores do projeto.

Compromisso e dedicação

Um dos exemplos mais marcantes do impacto da iniciativa vem da educadora Juvenice, que percorreu mais de 520 quilômetros desde o município de Matina, na região centro-sul da Bahia, até Barreiras, para participar do curso.

“Temos atualmente três alunos com deficiência visual em Matina. Meu desejo é multiplicar o conhecimento com nossos professores e alunos, para incluí-los no processo educacional. Há tempos atuo com educação especial, mas agora surgiu a necessidade de incluir alunos cegos e com baixa visão no ensino regular”, explicou.

Formação para transformar

Sandra Samara, uma das professoras do curso, ressaltou que ensinar Braille vai muito além da técnica. “É uma formação que visa o conhecimento completo do sistema Braille — leitura, escrita e estrutura. Os professores precisam aprender para poder repassar esse conteúdo aos alunos com deficiência visual nas escolas públicas. A demanda aqui em Barreiras é grande, e há profissionais no Atendimento Educacional Especializado que recebem alunos cegos, mas não dominam o Braille. Estamos mudando isso com essa formação”, declarou.

As aulas começaram no último domingo, 24 de março, e estão sendo realizadas na sede da ADVOB, localizada na Rua D, nº 226, bairro Vila Nova, em Barreiras. As inscrições foram realizadas entre os dias 22 de fevereiro e 16 de março por meio da plataforma Even3.

A ação reforça o papel social do IFBA-Barreiras, que, por meio de parcerias estratégicas e ações de impacto, segue contribuindo para a construção de uma educação mais inclusiva, acessível e transformadora.

📲 Para mais informações e notícias exclusivas de Barreiras e região, acompanhe o TV Web Barreiras.