"SOLIDÃO". POR GUTO DE PAULA.


Ela não nasce não aparece nem surge: ela sempre existiu. Apenas constatamos que ela começou a doer. Podemos viver a “solidão acompanhada”, essa que nós faz pensar que estamos cercados de corpos, quiçá de almas, seja de ideias ou de sonhos. Mas na realidade o que de fato nos acompanha é a nossa sombra, porem apenas quando existe luz.

Quando temos em andamento na vida um grande projeto, ela finge esconder. Quando tudo desanda e se esvai, ela surge. Vive escondida, arquivada no porão escuro de nossas vagas lembranças. Portanto a solidão não persegue, apenas acompanha. A solidão não é suposição é constatação.

Na juventude é apenas um resfriado passageiro, na velhice uma febre terçã. Falar  em “solidão acompanhada” seria como jogar palavras ao vento. Mas quando o tempo já implantou suas raízes, falar dela é como descobrir que enfim o “bicho papão” existe. Não é morrer só que assusta e sim viver só que apavora.

Quando alguém sai de nosso relacionamento e apregoa que morreremos sós, isso não assusta nem preocupa tanto. Morrer só ou acompanhado não faz diferença, principalmente quando o que queremos é viver. Resta pensar que o que nos desejam é apenas o que mais temem. Por tudo isso, passa a ser óbvio que o estigma de ser só de fato existe e o que menos desejamos é descobrir que o carregamos pela vida toda vai um dia tomar conta de nossa existência.

Se uma mulher não pode ser compreendida que seja apenas amada. Se a solidão não pode ser vencida então resta traçar um estratégia para viver com ela.

Seres inferiores podem se acostumar se forem treinados, domesticados, enquanto os superiores só devem permitir adaptação. Moldar-se a uma situação não corresponde exatamente a acostumar-se com ela.

A solidão existe porque á percebemos se a esquecemos, ela se esvai. Se penso logo eu êxito se não penso sou inconsequente. Mas nada, nada mesmo desse mundo vai nos tirar essa tatuagem chamada solidão. Que é minha será sua e de todos os que de nós por nós ou com nós existirem. Resumindo essa reflexão a solidão é tão democrática quanto a morte. Ela é para todos.


Por Guto de Paula

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