Gigante do Cacau: Produtor de Barreiras lidera projeto que pode transformar o Brasil em potência global

Reportagem da Forbes destaca Moisés Schmidt e o ousado plano de criar a maior fazenda de cacau do mundo no oeste da Bahia

O produtor rural Moisés Schmidt, radicado em Barreiras, no oeste da Bahia, está liderando uma transformação silenciosa, mas de proporções globais. À frente da Schmidt Agrícola, ele iniciou um projeto audacioso que pode posicionar o Brasil como um dos principais fornecedores de cacau do mundo. Com investimentos milionários, tecnologia de ponta e visão estratégica, o produtor pretende instalar nada menos que a maior fazenda de cacau do planeta.

A proposta surge em meio a um cenário internacional preocupante: os maiores países produtores de cacau — como Gana e Costa do Marfim — enfrentam queda drástica na oferta por fatores climáticos e sanitários. Enquanto isso, a demanda global cresce aceleradamente, criando um déficit de mais de 400 mil toneladas e provocando alta histórica nos preços da amêndoa.

Do cerrado ao mundo

Com 35 mil hectares de terras produtivas já voltadas à soja, algodão e banana, a família Schmidt decidiu, a partir de 2018, diversificar suas operações. Desde 2019, o foco tem sido o cacau. A meta é ocupar até 10 mil hectares com a cultura, superando todas as marcas conhecidas até hoje. Um projeto-piloto de 400 hectares já está em operação — 70% implantado — com produtividade que pode alcançar até 6 toneladas por hectare.

O diferencial? O modelo agrícola adotado: cultivo a pleno sol com irrigação por microaspersão, uso intensivo de maquinário, tratos culturais mecanizados e práticas de agrofloresta. Em vez do tradicional sistema de cabruca, o produtor aposta em uma abordagem escalável e tecnificada, voltada à eficiência e à sustentabilidade.

Investimento pesado e viveiro próprio

Só na fase inicial, o investimento chega a R$ 200 mil por hectare — valor que cobre desde o preparo do solo até os cuidados nos três primeiros anos de produção. Além disso, diante da escassez nacional de mudas de qualidade, Schmidt criou o maior viveiro de cacau do mundo, o BioBrasil, que já produz 3,5 milhões de mudas por ano e tem meta de alcançar 10 milhões até 2027.

A operação ainda não é lucrativa, segundo o produtor, mas a projeção é de que a rentabilidade plena ocorra nos próximos ciclos. “Foi difícil no começo, mas agora é visível que o modelo é viável técnica e economicamente”, afirma.

Atualmente, além de comandar a empresa familiar, Moisés Schmidt exerce o cargo de presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), função que assumiu no início de 2025. A posição reforça sua liderança no setor agrícola e amplia sua atuação em debates estratégicos sobre o futuro da agropecuária brasileira.

Olhos do mundo voltados à Bahia

O potencial brasileiro na nova era da cacauicultura vem despertando o interesse de gigantes globais do setor. Grandes processadoras de cacau, como Barry Callebaut, Cargill, OFI e IBC, já demonstraram interesse no fornecimento estável que o Brasil pode garantir. Para o mercado internacional, estabilidade e escala são fatores decisivos.

Durante a última conferência da World Cocoa Foundation, realizada em São Paulo, o Brasil foi citado como peça-chave no equilíbrio da cadeia produtiva global. E o projeto em Barreiras é visto como uma das grandes apostas para suprir essa lacuna.

Uma oportunidade histórica para Barreiras

Mais do que um feito individual, o movimento liderado por Schmidt pode redesenhar o perfil econômico da região. Estima-se que mais de 30 produtores do oeste baiano já estejam seguindo os passos da Schmidt Agrícola, com mais de 700 hectares de cacau em implantação.

Caso atinja sua meta, Barreiras poderá se tornar um dos maiores polos exportadores de cacau do mundo — com geração de empregos, valorização das terras, fortalecimento da cadeia agrícola e inserção internacional inédita.

A transformação está em curso. E nasce aqui, no cerrado da Bahia, uma nova esperança para o chocolate do futuro.

Da redação Tv Web Barreiras



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