História contada pela historiadora Ignez Pitta e adaptada para a web pelo TV Web Barreiras.
No início do século XX, Barreiras vivia uma realidade totalmente diferente da que conhecemos hoje. Sem energia elétrica, a cidade dependia de soluções rudimentares para iluminação e produção industrial. Foi nesse cenário que um visionário mudou para sempre a história do município: o engenheiro civil Geraldo Rocha.
A Construção da Hidrelétrica: O Sonho Que Virou Realidade
Formado em engenharia civil em Salvador, em 1905, Geraldo Rocha sempre acreditou no potencial agroindustrial de Barreiras. Para transformar essa visão em realidade, ele fundou a empresa Sertaneja, ao lado de nomes influentes como o Cel. Francisco Rocha e Antônio Balbino de Carvalho. Juntos, deram início ao projeto mais ousado da época: a construção de uma hidrelétrica para fornecer energia à cidade.
O desafio era imenso, especialmente diante da falta de equipamentos modernos. Para superar os obstáculos, Rocha trouxe à cidade o engenheiro hidráulico polonês Dr. Filipowski, que desenvolveu um plano inovador: abrir um canal de 8 quilômetros, captando a água do Rio de Ondas e conduzindo-a até Barreirinhas, onde uma cachoeira artificial seria construída para movimentar três turbinas geradoras de energia.
Sem maquinários pesados, a construção foi totalmente baseada na força humana. Rocha, atento às necessidades dos trabalhadores, garantiu a alimentação e o suporte necessário para a realização da obra, montando cozinhas improvisadas ao longo do trajeto.
A Revolução Energética e o Crescimento de Barreiras
A hidrelétrica foi inaugurada em 1928, marcando o início de uma nova era para Barreiras. A energia elétrica gerada possibilitou avanços significativos, especialmente na iluminação pública e na indústria local. Antes desse projeto, um gerador já havia sido instalado na cidade em 1918, pelo Cel. Antônio Balbino de Carvalho, mas sua capacidade era limitada. Com a hidrelétrica, o sistema foi modernizado, proporcionando maior acesso à eletricidade e impulsionando a economia.
O setor agroindustrial foi um dos mais beneficiados. O algodão e o arroz, cultivados na região, passaram a ser processados localmente, agregando valor à produção e estimulando as exportações. O algodão beneficiado, por exemplo, era enviado às indústrias têxteis de Minas Gerais por meio de navios a vapor.
O Legado de Geraldo Rocha
A hidrelétrica não foi apenas uma obra de engenharia, mas um divisor de águas na história de Barreiras. O projeto de Geraldo Rocha trouxe desenvolvimento, modernização e estruturou a cidade para o crescimento que viria nas décadas seguintes. Seu impacto ainda é sentido, e sua visão segue como inspiração para o progresso da região.
Hoje, Barreiras se consolida como um dos principais polos econômicos do oeste da Bahia, e esse crescimento só foi possível porque, há mais de um século, um visionário acreditou no potencial da cidade e fez história.
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