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Kiriris comemoram o Dia do Índio em Barreiras



No decorrer do dia, os indígenas realizaram demonstrações de sua cultura e religiosidade através de danças e exibição de artesanato indígena, como colares de sementes, cocares, armas feitas em madeiras, peças de barro entre outros. Ainda como parte das festividades, os índios ofertaram produtos da terra como milho e feijão.
A aldeia que está sob o comando do cacique Carlos Cristovão Batista, mais conhecido como Carlito Kiriri está localizada num alojamento da Codevasf na saída para São Desidério, próximo ao povoado de São José. Atualmente a aldeia tem cerca de 6 famílias num total de 23 pessoas.

Os Kiriri são muito receptivos, alegres e lutam pelo direito a propriedade. Apesar de estarem sob a proteção da FUNAI, os índios passam por muitas dificuldades, no entanto, a situação já foi pior, pois as ações da FUNAI, no quesito assistência deixaram muito a desejar, segundo o cacique. Porém o que eles mais desejam no momento é a demarcação das terras indígenas, para que possam plantar, colher, e viver de maneira mais digna, encima do que é de direito.

“Hoje estamos em comemoração e este movimento é para relembrar e mostrar para os nossos filhos que os nossos costumes estão vivos. Estamos fazendo isso para enfim celebrar o nosso dia a dia”, disse seu Carlito Kiriri, acrescentando que aguarda receber a terra para abrigar sua parentela.

Para entender o caso

O Índio Kiriri Carlos Cristóvão Batista, mais conhecido como Carlito, e sua parentela residiam originalmente na Terra Indígena (TI) Kiriri, situada nos municípios de Banzaê e Quijingue, região nordeste da Bahia. Na década de 90, em virtude de conflitos internos, ele abandonou a área, juntamente com a esposa, os filhos, os genros e as noras e, após perambular por diversos locais, em 1999 se instalou provisoriamente na Terra Indígena Kiriri Barra, localizada no município de Muquém do São Francisco e adquirida pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) para abrigar uma família indígena egressa da TI Kiriri. Em vista da reduzida extensão da terra em Barra, com apenas 62 hectares, Carlito seguiu pleiteando junto à FUNAI a aquisição de outra terra adequada para erigir uma “aldeia”.

No ano de 2010 a FUNAI destinou ao grupo uma área no município de Barreiras, denominada, “Posto Agropecuário de Barreiras”, com uma extensão de 126 hectares, repassada ao órgão tutelar em 2007, mediante contrato de cessão de uso gratuito com a União. Todavia, quando tentaram ocupá-la, no final do ano de 2010, Carlito e seus familiares foram surpreendidos com a presença de cerca de 30 famílias na área, proprietárias de lotes no Projeto Barreiras Norte da Codevasf - localizado no entorno. De acordo com Carlito Kiriri, no decorrer dessa situação, o chefe do escritório de apoio técnico da Codevasf em Barreiras, Jacques Magalhães Pinto, informou que a posse das famílias no Posto Agropecuário de Barreiras foi assegurada em liminar, o que deixou seu Carlito e família desolados.

Diante dessa situação, o cacique e seu grupo ocuparam no dia 16 de dezembro de ano passado a sede do Escritório da Codevasf na cidade, porém foram transferidos para o Centro de Treinamentos de Irrigantes da Codevasf (CTI), situada em uma área totalmente desmatada, de 34 hectares, a 14 quilômetros da cidade de Barreiras, às margens da BR 135 (trecho de Barreiras a São Desidério). O CTI, por sua vez, é equipado com galpões alojamento e cozinha, e dispõe de uma reduzida área para cultivo, além de algumas árvores frutíferas.

Embora a Codevasf tenha ulteriormente verificado a veracidade de um contrato de cessão de uso gratuito com a União da mesma área, datado de 1997, ela se dispõe a oferecer outra para reassentar o grupo de índios. Segundo Carlito, ainda se cogitou a possibilidade de permanecerem no CTI (foto acima), mas essa alternativa foi descartada após uma análise mais curada das suas características, entre elas a ausência de mata, uma extensão muito reduzida, a rodovia BR asfaltada cortando o perímetro da área com risco constante de atropelamento, além de que o acesso direto ao rio, os índios teria que atravessar sítio de particular e estaria condicionado à autorização dos proprietários.

Ainda de acordo com o cacique, o escritório de Apoio Técnico da Codevasf selecionou duas áreas para reassentar o grupo. Uma delas, situada à cerca de quarenta quilômetros de Barreiras, não dispõe de recursos fluviais nas proximidades e por isso, sequer chegou a ser visitada, haja vista o desejo do seu Carlito e família de se estabelecerem em terras com acesso direto ao rio, já que possuem dois barcos. A outra área, de reserva do perímetro São Desidério/Barreiras, possui cerca de 150 hectares coberto de mato, não possui benfeitorias, e está situada a oito quilômetros de Barreiras e a cinco quilômetros do asfalto.

Todas essas informações foram passadas pela analista em antropologia e perita da Procuradoria da Bahia, Sheila Brasileiro, ao Procurador da República em Barreiras, Dr. Fernando Túlio da Silva, no mês de janeiro, quando houve a segunda audiência para a resolução do impasse entre a FUNAI e a Codevasf.

Por Ana Cedro
Da redação/ Novoeste

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