ARTIGO: FEIRA POLÍTICA

Para justificar que está em campanha basta jogar pesado no visual. Mudar a cara da cidade com aquelas fotos, cores e números aparentemente sugestivos. Não dispensar o companheiro que apoia, mesmo que em campanhas passadas estivesse do outro lado. Política é assim, o que antes nos engasgou hoje passa liso em nossa garganta. Chamam isso de complacência, desenvoltura, todavia é apenas conveniência.

O fato que essa poluição da mídia invadindo as ruas revela uma situação bem peculiar para quem costuma comprar nas feiras livres: Tem fruta para todos os gostos, verdura a dar com o pé. Umas já bem vencidas, outras podres pela própria natureza. As verdadeiras, as que de fato tem a propriedade de alimentar e proporcionar um bom paladar são muito raras. Ao contrário da feira elas são oferecidas com total gratuidade. Porém lá na frente essa aquisição fica tão onerosa que o consumidor tem que se unir para pagar a conta. A divida fica para quem comprou, usou, olhou ou nem tomou conhecimento dela. Não importa o ônus é democrático, está reservado para todos.

O interessante é que praticamente todos mostram os dentes e escondem as rugas, como se elas não fossem resultado da ação do tempo que poderia ter feito eles mais sábios e menos hipócritas. Como já muito se disse, política é assim mesmo: mostrar aparência em detrimento da essência.

Nessa feira tão seleta, oferecem frutos deliciosos e verduras escolhidas. Maçãs, pêssegos, carambolas, melancias, peras, ameixas e etc. Mas escondem os pepinos, mandiocas, abacaxis que acabam indo para o cesto sem que o freguês perceba. Mas como é tudo de graça, quatro anos depois o eleitor volta á feira e pensa que levou vantagem. Nem percebe o quanto amargo foi o jiló, quanto ardeu na boca o gengibre, nem o quanto a pimenta foi violenta.

Os que votam em branco não tomam conhecimento dessa feira, mas pagam o mesmo preço, porque afinal de contas a omissão será sempre castigada. Pilatos é quem bem sabe. Moral da estória: se ficar o bicho come se correr o bicho pega.

Porem escolher o fruto verdadeiro é uma arte que depende do conhecimento, da pesquisa, da reflexão, do bom senso e de valores que cada dia são mais raros, mas que ainda existem e que fazem a total diferença.

- Vamos à feira?

Da redação Guto de Paula TV WEB BARREIRAS