"Homem com H": Cinebiografia de Ney Matogrosso emociona ao transformar arte em revolução

Filme disponível na Netflix mergulha na vida do cantor e revela a força de um artista que se tornou símbolo de liberdade e resistência no Brasil

Ao longo de décadas, Ney Matogrosso desafiou padrões, quebrou barreiras e se consolidou como um dos artistas mais singulares da música brasileira. Em Homem com H, cinebiografia agora disponível na Netflix, sua trajetória é retratada com coragem, beleza e profundidade emocional. O filme, dirigido por Esmir Filho, vai além da imagem pública e oferece ao espectador uma imersão sensorial e íntima no universo de um homem que fez da arte seu grito de liberdade.

Com uma narrativa não linear, o longa costura momentos emblemáticos da vida de Ney — da infância em Bela Vista (MS), marcada pelo autoritarismo do pai militar, até sua ascensão nos palcos como figura central do grupo Secos & Molhados nos anos 1970 e, posteriormente, como artista solo de voz inconfundível e presença arrebatadora.

Jesuíta Barbosa encarna Ney com intensidade e verdade

Interpretado por Jesuíta Barbosa, Ney Matogrosso ganha corpo, gesto e alma em cena. A atuação foi amplamente elogiada pela crítica por sua entrega emocional e precisão nos detalhes — sem imitações forçadas, mas com verdade artística. Em diversas entrevistas, o próprio Ney revelou que se emocionou ao assistir algumas cenas, especialmente aquelas que retratam o reencontro com o pai e o drama vivido ao lado de Marco de Maria, companheiro com quem conviveu por 13 anos e que teve o diagnóstico de HIV confirmado em um período crítico da epidemia.

A supervisão do roteiro pelo próprio Ney garantiu fidelidade aos fatos e deu à produção um caráter autobiográfico raro. Cada sequência é carregada de simbolismo: da liberdade sexual às dores das perdas, da repressão militar à explosão artística nos palcos. Tudo isso embalado por figurinos icônicos, trilha sonora impactante e direção que valoriza a estética como parte da narrativa.

Uma história de dor, amor e resistência

A cinebiografia revela facetas pouco conhecidas do artista. Mostra o menino que saiu do interior em busca de sua própria voz, o jovem que se alistou na aeronáutica antes de se entregar ao palco, o homem que viveu amores intensos, perdas profundas e que encontrou na arte um caminho de enfrentamento às violências sociais, políticas e culturais.

Um dos pontos altos do filme é a delicada forma com que trata suas relações íntimas. Além de Marco, o longa sugere a conexão afetiva com o cantor Cazuza, sem sensacionalismo, mas com respeito e sensibilidade. São esses vínculos que revelam a fragilidade por trás da força — e ajudam a construir o retrato de um ser humano completo, contraditório, profundo.

Impacto cultural e relevância histórica

Mais do que uma homenagem, Homem com H é um documento cultural. Ney Matogrosso não apenas representou a música brasileira com sua voz marcante e estética provocadora — ele transformou sua identidade em um ato político. Ao desafiar o machismo, o conservadorismo e o preconceito em plena ditadura, se tornou ícone da cultura queer e símbolo de resistência.

O filme convida o público a refletir sobre temas ainda urgentes: sexualidade, liberdade de expressão, enfrentamento do HIV, afeto, luto e empoderamento. E faz isso sem didatismo, apostando em uma linguagem poética e envolvente.

Uma experiência que emociona e inspira

No último domingo (22), a redação do portal TV Web Barreiras assistiu ao filme e testemunhou a força da obra. Para o jornalista Tiago Portela, editor do portal, a produção é uma das mais impactantes já lançadas sobre artistas brasileiros. “A performance é sensacional. Ney Matogrosso, assim como outros ícones da música nacional, representa a arte que resiste, que emociona e que transforma. O filme respeita essa grandeza e emociona do início ao fim”, afirmou.

Disponível na Netflix

Homem com H está disponível na plataforma de streaming Netflix, com distribuição internacional sob o título Latin Blood – The Ballad of Ney Matogrosso. A obra tem conquistado espectadores dentro e fora do Brasil, consolidando-se como um marco do cinema nacional em 2025.

Da redação Tv Web Barreiras