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PrEP avança no SUS, mas uso isolado preocupa especialistas

Medicação que previne HIV está disponível desde 2017, mas especialistas alertam para riscos de abandono do preservativo e alta de outras ISTs

Desde 2017, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), um método eficaz para prevenir a infecção pelo vírus. Com apenas um comprimido diário contendo dois antirretrovirais, o medicamento reduz drasticamente o risco de contaminação em casos de exposição. Apesar dos avanços no acesso e da eficácia comprovada, médicos alertam para o uso isolado da PrEP, sem o apoio de outros métodos preventivos.

A estratégia é amplamente recomendada a pessoas com maior risco de infecção, especialmente homens que fazem sexo com homens. No entanto, especialistas reforçam que o uso da PrEP é indicado para qualquer pessoa sexualmente ativa, inclusive mulheres em idade reprodutiva, faixa onde os casos de HIV têm crescido em relações heterossexuais.

O medicamento oferece uma proteção potente, desde que usado corretamente e com acompanhamento médico”, explica a infectologista Renata Beranger. Segundo ela, os efeitos colaterais são mínimos e o uso é seguro inclusive em idosos. Mas há contraindicações: pessoas já infectadas pelo HIV ou com problemas renais não devem utilizar o fármaco.

No SUS, além da PrEP, o usuário tem acesso gratuito a testagens para HIV, outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e vacinas contra hepatites A, B e o HPV. Ainda assim, os especialistas recomendam que a profilaxia seja parte de uma abordagem mais ampla.

Usar apenas a PrEP e abandonar o preservativo é um erro grave. Isso pode provocar aumento de sífilis, gonorreia e clamídia”, alerta a coloproctologista Clarisse Casali. Ela também critica o uso banalizado da DoxiPEP, método em que pacientes tomam antibiótico após relações sem proteção, o que pode levar à resistência bacteriana e efeitos adversos com o uso contínuo.

Tanto na rede pública quanto na privada, o acesso ao tratamento exige testagens regulares, inclusive exames de urina, cavidade oral e preventivo anal a cada seis meses. Nos Estados Unidos, a agência reguladora FDA aprovou uma versão injetável da PrEP, aplicada duas vezes ao ano, modelo ainda não disponível no Brasil.

A adesão correta ao tratamento também é um desafio. Para pessoas com vida sexual frequente, a indicação é o uso diário. Já quem tem relações esporádicas pode utilizar a chamada “PrEP sob demanda”, desde que siga à risca a posologia. O tempo para o remédio atingir proteção ideal varia: para quem tem vagina, são necessários sete dias de uso antes da relação; para quem tem pênis, o efeito começa cerca de duas horas após a primeira dose, mas exige reforço com mais dois comprimidos nas 24h e 48h seguintes.

Embora o país registre queda geral nos casos de HIV/AIDS, os dados do Ministério da Saúde revelam um cenário preocupante entre jovens. Homens de 15 a 29 anos seguem com índices crescentes, com 53,3% dos casos registrados entre 25 e 29 anos em 2021. Também houve aumento de sífilis em mulheres, homens e gestantes, reforçando a necessidade de estratégias combinadas de prevenção e maior informação pública.

Da redação Tv Web Barreiras



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